sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Contos da madrugada tardia... A minha última imagem...

Continua a chover... tem sido assim o dia todo... e assim será noite fora... Já não assistia a um dia tão fechado, tão tristonho, tão molhado há algum tempo. Creio mesmo que no Inverno passado não houve dias destes. Algo de estranho se passa... algures lá para cima... Será Deus chorando lágrimas amargas.... ao perceber  quão longe nós estamos um do outro...? Não... não creio... Deus sabe que tu podes estar, fisicamente, bem longe de mim... que me podes ignorar... que podes até... nem te lembrar que eu existo... mas... também sabe... que estás sempre presente no meu coração... e... que, enquanto estiveres (e eu espero que estejas até ao fim dos meus dias) nós (no que pode haver de nós em nós) estaremos sempre ligados... A propósito do fim dos meus dias... que não sei quando acontecerá... naturalmente...  gostava que acontecesse... nos teus braços... ou... pelo menos... com a minha mão... na tua... Não tenho medo de muita coisa... ou... pelo menos... julgo que não... No entanto... tenho algum receio de ter medo de enfrentar a morte... Gostava de a enfrentar... como o Doido de Teixeira de Pascoaes que, perante a aproximação daquela... ri... um riso sarcástico e enlouquecido... o que a leva a perguntar "... quem se atreve a rir assim da morte?"... Mas... quando a altura chegar... não sei se vou conseguir rir... não sei sequer se vou conseguir sorrir... e ter a serenidade suficiente para a receber... com a dignidade que o momento merece... Por isso... gostava de te ter a meu lado...  para me ajudares... a enfrentar esse momento...  Gostava que fosses a minha última imagem... antes do mergulho na eternidade... 
25/11/2012


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