terça-feira, 19 de novembro de 2013

Contos da madrugada tardia... Hoje foi um dia especial...

Hoje foi um dia especial... como são todos  aqueles em que tenho a oportunidade de te ver... mesmo que seja por um fugaz instante.... como hoje... Talvez não tenhas reparado... não... não... não foi em mim... Sei que, em mim,  raramente reparas... Talvez não tenhas reparado... porque ficaste demasiado tempo em espaço interior... mas... a partir do momento em que te vi... o sol... cá fora... começou a brilhar com uma intensidade diferente... mais luminosa... mais reconfortante... Há uma expressão inglesa que se aplica bem a ti... no que tens a ver comigo evidentemente... Essa expressão é sunshine... ou seja... não apenas o sol... mas... o sol que brilha... estando contidos nesse brilho todos os outros predicados... aquece... ilumina... dá vida... dá sentido... entre outros... Creio mesmo... ainda que com alguma tendência hiperbólica... que este sentido de sunshine vai... na sua raiz conceptual... beber um pouco do conceito divino de Amon-Ré... o deus-Sol do antigo Egito... Não, não... nunca te colocaria na posição de deus-Sol... Se o fizesse ficarias ainda mais inacessível do que já és... e... para mim... o atual grau de inacessibilidade já me deixa suficientemente distante de ti... Não... Quando muito... se vivesses nessa época... serias uma familiar de Ramsés II... Não... Não me está a agradar a ideia... Segundo consta o cavalheiro não era de confiança... ainda por cima o conceito de monogamia só surgiu uns séculos mais tarde... Definitivamente... não...  Serias... talvez... prima afastada de Nefertari... a esposa favorita do faraó... para quem mandou construir o templo de Abu Simbel... Exatamente... Eras uma prima tão afastada... tão afastada... que estavas suficientemente afastada das garras do dito cujo... uma vez que orientavas a construção desse e doutros templos... lá em pleno deserto... longínquo... Eu (se não fosse muito incómodo eu também viveria na época) era o mais humilde dos escravos... várias vezes prisioneiro de guerra (consta que era capturado em tudo quanto era batalha... o que, a partir de certa altura, começou a aborrecer os meus captores... Estes, assim que me viam, durante a refrega, afastavam-se rapidamente para não terem que me capturar outra vez... No entanto... no final do combate ali estava eu... braços ao alto... rendendo-me incondicionalmente... Alguns dos potenciais captores... assobiavam para o céu a fingir que não me viam... mas eu amarrava-me a mim mesmo e entrava sorridente para a jaula dos prisioneiros de guerra... Acho que eles nunca perceberam porquê...). Como todo o prisioneiro de guerra era obrigado a ir para o deserto trabalhar na construção dos monumentos exigidos pelo faraó... e, por um absoluto acaso do destino, era sempre enviado para aqueles cuja construção tu dirigias... Vendo a tua imagem no alto da construção, ficava de tal modo embevecido que subia por ali acima com vários pedregulhos ás costas... só para te poder ver mais de perto... Uma vez chegado ao topo... colocava os pedregulhos na posição desejada e... deslumbrado com a tua beleza, atirava-me aos rebolões por ali abaixo... para mais rapidamente chegar novamente ao topo... Recebi o diploma de trabalhador do mês várias vezes... mas...  curiosamente... não me recordo onde os guardei...
17/11/2012

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