domingo, 15 de junho de 2014

Peregrinação a Fátima 2014 - Primeiro dia - III

De Alverca, já manhã, a Alhandra, é um saltinho. Com o estômago reconfortado rapidamente cobrimos os poucos quilómetros que medeiam entre as duas povoações. Na chegada a Alhandra há um momento que se diferencia dos outros pois quebra a rotina, de certa forma monótona, de um percurso todo ele, até aí, feito em alcatrão urbano e suburbano. Atravessamos a Estrada Nacional, e subimos e descemos um conjunto de escadas que desembocam no piso em paralelo que antecede o percurso pedonal que nos levará a Vila Franca de Xira. 
Podemos, muitas vezes, nem nos apercebermos destes momentos diferenciadores, mas eles são, de facto,  importantes, pois quebram o ramerrão que, a partir de certa altura, começa a enformar a nossa sensibilidade e, com ela a própria atividade cerebral. Como em tudo na vida, a rotina, o costume, o hábito que se repete impede a inovação, cerceia a criatividade, apaga o fogo quente da paixão. 
O percurso pedonal, que liga Alhandra a Vila Franca, é, em toda a sua extensão, acompanhado pelo Tejo, o que nos permite interagir com as diferentes dimensões de espiritualidade que emergem do suave murmurar das águas do rio. Os rios, os lagos, as montanhas, as florestas, todos os seres criados, animados ou não, são dotados de uma espiritualidade própria, inculcada pelo sopro divino que os criou e os retirou da inefável dimensão  do Não-Ser. A interação com este tipo de cenários permite-nos aceder a diferentes estádios de consciência cósmica e com eles a (mais ou menos) clara percepção da presença divina no mais ínfimo detalhe da Criação. Pessoalmente prefiro interagir com o mar... Tem um ritmo próprio, um dinamismo interno que me chama... me toca... me seduz... O mar... No mar podemos soltar sentimentos... mágoas... emoções... No mar... não se notaram as lágrimas que chorei por te ter perdido... sem jamais te ter tido... 














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