Este é o último artigo que publico sobre a peregrinação a Fátima. Senti a necessidade de o escrever porque nos anteriores ficou sempre algo por dizer. As palavras que seguem são dedicadas a todos aqueles que comigo partilharam quilómetros e quilómetros de alcatrão.
Foi, para mim, uma experiência nova, pelo menos nestes moldes e, em relação à qual, eu tinha algum receio. Temia passar por dificuldades físicas, de adaptação e/ou de integração. Felizmente, com a vossa ajuda, todos esses receios, foram sendo ultrapassados e desapareceram. Se consegui fazer todo o percurso e chegar a Fátima, tal deveu-se ao vosso apoio, à vossa coragem, ao vosso exemplo. Em determinados momentos, vi muitos de vós em dificuldades físicas, mas o brilho de fé, de determinação e de querer, que era possível vislumbrar no vosso olhar, serviram-me de incentivo para, quilómetro após quilómetro, ir-me superando a mim mesmo.
Tive o privilégio de percorrer várias vezes a coluna de príncipio a fim e do fim ao princípio. De olhar o vosso rosto, detalhadamente... o vosso olhar... a vossa expressão. Por trás dessa expressão, há sempre uma história de vida, tão rica, que merecia, com certeza, ser transposta para um livro ou para um filme. Quantos momentos de felicidade, quantas angústias, quantas venturas e desventuras, quantas comédias, quantos dramas, quantas tragédias, seria possível ler em cada um de vós. E, em cada um de vós, sempre a mesma convicção, a mesma força de vontade, o mesmo querer. Pelo exemplo a seguir, pela ajuda que me deram, pela coragem que demonstraram, estarão sempre presentes no meu coração. Vós sois os meus Caminhantes da Senhora de Fátima.
Ao longo deste trabalho de publicação em blog, a minha maior dificuldade foi seleccionar as fotos a publicar. Porquê esta e não aquela? Não, talvez a outra. Enfim... Foram decisões difíceis. Tentei ser o mais democrático possível e colocar-vos a todos, todos os dias. Provavelmente não o consegui. Peço desculpa àqueles que poderão ter sido menos presentes. As três últimas fotos do 4º dia, aquando da colocação das flores, representam exactamente as pessoas que, numa rápida análise, terão sido menos presentes. As fotos deste artigo, foram escolhidas porque são diferentes, ou, simplesmente, porque gosto delas. Não obedeceram a outro critério.
Por último um parágrafo meramente pessoal. Disse-me alguém, mesmo no final do percurso, que neste tipo de peregrinação, ninguém vem por desporto, por solidariedade, ou porque lhe apetece. Todos os peregrinos vêm pedir algo ou agradecer a Nossa Senhora de Fátima. Pela parte que me toca, confirmo estas palavras. Para além do projecto fotográfico que já tinha em mente, à algum tempo, tinha uma missão a cumprir.
Durante treze anos nunca te faltei. Estive sempre presente quando precisaste de mim, mesmo quando valores mais altos se levantavam. Nunca te disse "não posso", "não tenho tempo", "estou ocupado", ou fingia que não ouvia, como tanta gente o fez. Custasse o que custasse tinhas sempre a minha mão para te segurar, o meu braço para te apoiar, a minha voz para te confortar. Por outro lado, foste tu que me recuperaste para o mundo quando me senti completamente perdido após a morte da tia Alice. Não posso deixar de, publicamente, te agradecer isto. Quando adoeceste, pediste-me para não deixar que te levassem para longe de mim. Tentei. Sabes que sim. Dei tudo o que tinha e o que não tinha. Por ti, fui insultado e maltratado. Por ti não respondi e ofereci a outra face. Mas não consegui segurar-te. Levaram-te para longe de mim. No último dia que nos vimos, no hospital, já no longínquo mês de Dezembro, prometi-te que iria a Fátima pedir por ti e pela tua saúde. Cumpri o prometido. Pedi pela tua saúde, pelo teu bem estar e pela tua felicidade. E fiz mais um pedido. Que Nossa Senhora me deixe ver-te, pelo menos, mais uma vez... Só mais uma vez... por favor. Um beijinho grande te envio daqui. Estás e estarás sempre presente no meu coração Maria.
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