Iniciaram-se na passada segunda feira, dia 26, na cidade de Sacavém, as festas em honra de Nossa Senhora da Saúde. Estas festas têm a sua origem num acontecimento que marcou, de forma decisiva, o relacionamento entre o povo desta localidade e a Mãe de Deus. Segundo as crónicas e lendas antigas terá existido em Sacavém, desde os séculos XI/XII, próximo do local onde se ergue a atual capela, uma ermida dedicada a Santo André, um dos mártires da Igreja. Essa ermida funcionava como albergaria para peregrinos e, simultaneamente, como hospital de leprosos. Em 1599 uma epidemia de peste com origem na capital, Lisboa, alastrou até Sacavém, dizimando a sua população. Homens, mulheres e crianças morriam diariamente levando ao desespero famílias e autoridades.
Á época os mortos eram sepultados nos adros das igrejas, o que trouxe um novo problema aos sobreviventes, pois deixou de haver espaço para lá sepultarem os seus defuntos. Por essa razão começaram a ser abertas valas no exterior da ermida. Referem as crónicas desses tempos que ao ser aberta a primeira vala foi encontrada uma estátua da Virgem com o Menino ao colo. A notícia correu o povoado pelo que se passou ali a juntar muita gente que, em súplicas, preces e procissões pedia à Senhora a salvação do povo. Algumas versões das crónicas e lendas da época referem que houve um momento em que uma sentida prece foi cantada por uma senhora muito, muito bonita, de branco e azul vestida, com um olhar terno e profundo, e uma voz tão harmoniosa, que recordava o suave cantar dos rouxinóis que inspiraram o rei David a redigir os Salmos, lá, nas longínquas terras de Judá. Ouvindo tal sonoridade, e percebendo que tanta excelência apenas podia provir de um coração dotado de uma ímpar generosidade, Nossa Senhora intercedeu junto de Seu Filho e a partir desse momento a peste cessou e mais nenhuma vida foi por ela ceifada. Desde essa altura Nossa Senhora da Saúde passou a ser venerada por todos os sacavenenses e há longos anos que, por altura do primeiro Domingo de Setembro, se realizam, na cidade, grandes festejos em sua honra.
Á época os mortos eram sepultados nos adros das igrejas, o que trouxe um novo problema aos sobreviventes, pois deixou de haver espaço para lá sepultarem os seus defuntos. Por essa razão começaram a ser abertas valas no exterior da ermida. Referem as crónicas desses tempos que ao ser aberta a primeira vala foi encontrada uma estátua da Virgem com o Menino ao colo. A notícia correu o povoado pelo que se passou ali a juntar muita gente que, em súplicas, preces e procissões pedia à Senhora a salvação do povo. Algumas versões das crónicas e lendas da época referem que houve um momento em que uma sentida prece foi cantada por uma senhora muito, muito bonita, de branco e azul vestida, com um olhar terno e profundo, e uma voz tão harmoniosa, que recordava o suave cantar dos rouxinóis que inspiraram o rei David a redigir os Salmos, lá, nas longínquas terras de Judá. Ouvindo tal sonoridade, e percebendo que tanta excelência apenas podia provir de um coração dotado de uma ímpar generosidade, Nossa Senhora intercedeu junto de Seu Filho e a partir desse momento a peste cessou e mais nenhuma vida foi por ela ceifada. Desde essa altura Nossa Senhora da Saúde passou a ser venerada por todos os sacavenenses e há longos anos que, por altura do primeiro Domingo de Setembro, se realizam, na cidade, grandes festejos em sua honra.
Na segunda feira, dia 26, iniciou-se o tríduo preparatório para as cerimónias, com uma missa matinal, seguida de terço. À noite aconteceu outra missa, esta liderada pelo senhor padre Michael Valiyamurathankal, Vigário Paroquial do Estoril, que centrou a sua homilia na necessidade de percebermos o papel de Maria como a Nova Eva*. Este papel não se circunscreve apenas à Sua condição de Mãe de Cristo, como aquela que aceitou oferecer, incondicionalmente, o seu útero ao Filho de Deus, mas, também, como a Mulher que dedicou toda a sua vida à educação e preparação de Jesus para os momentos em que Este teria, necessariamente, que assumir a sua condição divina. Para tal Maria esteve sempre presente na vida de Seu Filho, do nascimento em Belém à morte em Jerusalém. Uma presença que não foi meramente física, mas, também, e por inspiração divina, espiritual. Uma presença que tem um potencial simbólico mais profundo no final da vida terrena de Cristo, nomeadamente em dois momentos (não gosto particularmente do termo "estação" que aponta para uma cristalização de algo que jamais poderá ser cristalizado. Os diferentes momentos da Via Sacra, como a própria Via Sacra, são, sempre, atuais e por isso mesmo acompanham a evolução do homem no tempo) nos quais as palavras não pronunciadas por Maria ecoaram, de forma sublime, pelos quatro cantos da Criação:
"Meu Filho... as tuas lágrimas são as minhas lágrimas... as tuas dores são as minhas dores... e, através do Teu sofrimento, indicarei aos homens o caminho para Ti..." É neste âmbito que Jesus agonizante a proclama como a Mãe de todo o género humano, entendendo-a, assim, como a Nova Eva. Maria não deve, pois, ser entendida como uma entidade exterior, distante e meramente referencial... mas... sentida como uma presença interior, viva, dinâmica no nosso próprio coração...
* Há cerca de dois meses, num dos artigos sobre a Peregrinação a Fátima, utilizei o conceito de Nova Eva. Naturalmente, e até pelo sentido que dei ao texto, a Nova Eva do meu artigo, não é a Mãe de Deus. Apesar de tal me parecer óbvio, achei por bem fazer, desde já, este esclarecimento. Just in case...
Sr. José Carlos Brígida, eu morei muitos anos em Sacavém e embora já esteja no norte á cerca de 15 anos, sou uma devota de Nossa Senhora da Saúde. Já conhecia por alto a história de como nasceu a crença. Não sabia era da existência dessa senhora bonita que cantava muito bem. Sabe se ela foi beatificada? Ou será que sendo assim tão bonita terá casado, talvez com algum fidalgo. E será que sabe o nome dela?
ResponderEliminarBoa noite Dª Isabel
ResponderEliminarAntes de mais cumprimento-a e agradeço as suas questões que revelam ter lido com atenção o artigo. Relativamente à primeira questão a resposta é não. Não há registos, nem nada sopra dos ventos do passado que indicie que a linda senhora tenha sido beatificada.
A segunda questão é do meu ponto de vista a menos interessante. Naturalmente que devido à sua beleza a senhora deve ter tido diversos pretendentes mas rapidamente deve ter percebido as intenções malévolas e pouco transparentes desses indivíduos e os ignorou. Aliás o simples facto de nada transparecer a esse respeito, nem nos registos da época, nem nas lendas, indicia que essa senhora não deu algum tipo de importância a essa gente. No entanto, segundo algumas versões da lenda, terá havido um aspirante a poeta, um vagabundo sem eira nem beira, que se terá, de facto, perdido de amores pela senhora bonita. Creio, aliás, eu não creio nada, mas o que sopra do vento da época é que ele terá ficado fascinado pela doçura, pela ternura infinita que emanava do seu olhar e do seu sorriso. Sempre que os seus olhares se encontravam, ainda que por mero acaso, o coração do pobre coitado ficava dominado pelas elevadas labaredas da paixão. Tudo isto é uma dedução minha, claro... Como não há registos estou apenas a deduzir o que ele poderia sentir ao ver a linda senhora. Infelizmente, para ele, claro, teve o mesmo destino que os outros. Pouca ou nenhuma importância a senhora lhe ligou e acabou por ter um fim trágico. Tantas lágrimas o seu coração chorou pelo absoluto desprezo a que a sua amada o votava que acabou afogado no mar do seu próprio pranto. Aliás segundo consta, o fado de Amália "Alfama" quando refere que "Alfama fica fechada em quatro paredes de água/quatro paredes de pranto", recebe alguma influência da forma como o pobre de Cristo baixou à terra: amortalhado em quatro paredes de pranto...
Em relação ao nome, a combinação das crónicas da época e da lenda e dos ventos do passado não permitem que se chegue a uma afirmação conclusiva. O que parece ser certo é que o seu nome teria três vogais. O que significa que não podia ser um nome do tipo Alda, Ema,(2 vogais) ou Antónia (4 vogais).
Espeor ter esclarecido as suas dúvidas.
Com os melhores cumprimentos
Muito obrigado pela sua resposta sr. Carlos. Gostei muito da sua resposta especialmente sobre o pobre poeta apaixonado. Até senti um arrepio ao sentir como esse pobre homem deve ter sofrido com esse amor não correspondido. O senhor explica tão bem que o meu marido até disse que dava a sensação de que o senhor estava a viver o momento. Já viu como os poetas, em especial aqueles que amam acabam sempre na miséria? Foi o que aconteceu a Camões e a esse poeta.
ResponderEliminarSerá que a senhora se chamava Isabel como eu? O meu nome tem três vogais como parece ter sido o caso da senhora. Ficava muito contente se assim fosse.
Sabe de que é que me lembrei? Como a senhora estava vestida de azul e branco é capaz de ser essa a causa de uma das irmandades vestir de azul e branco.
Boa noite Dª Isabel
ResponderEliminarA senhora tem um raciocínio rápido e perspicaz. Foi muito interessante a relação que estabeleceu entre o branco e azul da senhora bonita e os trajes da irmandade. Nem eu ainda tinha estabelecido essa relação.
Em relação ao infeliz aspirante a poeta apenas me procurei colocar no lugar do pobre coitado e deixar correr a minha imaginação especulativa. Não que eu alguma vez tenha tido esse tipo de infeliz experiência. Não, nada... Apenas tentei reproduzir o tipo de sentimento de alguém que ame de uma forma tão simples e ao mesmo tempo tão apaixonada e nem um simples olhar receba em troca.
Em relação ao nome, vou ter que a desiludir. Não que o seu nome não seja bonito e não assentasse bem à linda senhora. Só que há um pequeno detalhe que ontem me escapou. Entre as três vogais do nome da senhora, uma delas dobra, ou seja, repete. No seu caso são três vogais diferentes: I, A, E. Segundo reza a lenda da época, e pelo que me chegou aos ouvidos o nome da linda senhora tinha 3 vogais, mas duas delas eram iguais. Podiam ser 2 A e um E, ou 2 E e um I, ou qualquer outra combinação deste tipo. Po acaso não me está a ocorrer qualquer nome com três vogais e duas delas repetidas mas se a lenda assim o diz, é porque deve haver um.
Mas não fiqu triste porque o seu nome além de ser bonito,encontra muitas peronagens históricas de relevo. Relembro-lhe, apenas, Isabel, a mãe de São João Batista, a Raínha Santa Isabel e a Raínha Isabel II de Inglaterra.
Com o melhores cumprimentos
Acho que uma senhora que desperte assim paixões tão fortes deve ter um nome como Maria, Sílvia ou Fátima. que têm uma vogal repetida e são muito bonitos. Edite também repete a vogal. Um nome que eu gosto muito é Celeste mas tem três vogais iguais, não dá.
ResponderEliminarBoa noite Dª Isabel
ResponderEliminarApenas um detalhe. Não me parece muito correto falar em paixões, mas sim em paixão. Até porque, como sabemos, apenas uma encontra eco nos ventos da tradição. A do tal pobre coitado, que entregou a alma ao Criador numa valeta de beira de estrada, sabe-se lá se clamando o nome da sua amada aos céus.
A propósito do nome, envie-me um mail que eu respondo-lhe com aquele que considero ser a mais forte probabilidade de ser o nome da senhora bonita.