O meu olhar teve alguma dificuldade em se adaptar ao ambiente soturno... entre o cinzento e madrepérola... ligeiramente retocado pela dimensão fugidia da sombra... Mais do que pessoas... via vultos... mais do que objetos... formas... vultos vazios... formas informes... espaços à média luz... Entrei... lentamente... como se não procurasse ninguém... Como se tudo... absolutamente tudo... me fosse indiferente... Como se sentimentos... memórias... esperanças... amarguras... fossem apenas ténues marcas de uma outra vida... de um outro mundo... de uma outra personagem... ausente... Como se a presença e a ausência se confundissem... num mesmo momento... num mesmo lugar... Como se tu estivesses... e não estivesses... simultaneamente... e isso me fosse completamente indiferente... Olhei em redor... sem ver ninguém... e vendo-te... vi toda a gente... vendo-te... vi-me a mim mesmo... vendo-te... perdi-me a mim mesmo... Ver-te foi uma sensação indescritível... Todo o meu ser vibrou... como uma harpa encantada... Senti o coração a bater de forma desordenada... Uma chama a faiscar por todo o meu corpo... Um vazio extasiado a ocupar-me o cérebro... Ver-te... é... qualquer coisa de... diferente... de mágico... cativante... Ver-te... apenas... apenas isso... tão simples quanto isso... Ver-te...
31/1/2013
31/1/2013
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