sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Festas em Honra de Nossa Senhora da Saúde - Domingo - Missa Campal - II

Na sua homilia D. Augusto da Silva Mendes estabeleceu a relação entre a saúde e a salvação e, em consequência, entre a cura do corpo e a cura do espírito. Da mesma forma que devemos levar uma vida regrada, longe de vícios e excessos, no sentido de garantirmos a saúde do corpo, também devemos procurar seguir os ensinamentos e a Palavra de Cristo, para que nos preparemos espiritualmente para o (re) encontro com o Filho de Deus. Esta preparação passa pela consciência de que as experiências do sofrimento e morte, são indissociáveis da natureza humana e, por isso mesmo, integradas no processo salvífico com que cada um  de nós está inevitavelmente comprometido. Citando Paulo de Tarso na Epístola aos Colossenses "Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne, cumpro o resto das aflições de Cristo (...)" (1, 24), D. Augusto  relembrou-nos que o sofrimento físico, espiritual, moral ou sentimental, deve ser interpretado como um sinal da transcendência própria do homem e, nesse sentido, como um convite a superarmos os nossos próprios limites. Uma superação* que não deve ser entendida como qualquer tipo de sobrevalorização ou excesso do "eu", mas, no sentido inverso, como uma cada vez maior anulação do ego, numa afirmação interior de humildade, desprendimento,  e partilha. Assim damos continuidade à obra de Cristo, nomeadamente no âmbito da caridade despretensiosa e do amor ao próximo, cuja expressão máxima se revela na nossa capacidade de agirmos sobre a solidão alheia, de sermos capazes de sair da nossa "zona de conforto" e estendermos a mão a quem  está só, desamparado, ignorado, abandonado... E. por vezes é tão simples... Quiçá.. um olhar que espelhe um oceano de ternura... Quiçá... um sorriso doce que ilumine um coração perdido... Quiçá... uma palavra... um mero... "Bom dia"... que abra as portas ao futuro... Quiçá... E como concluiu D. Augusto, relembrando as palavras de Paulo: "Os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a glória que há de se revelar em nós..." (Epístola aos Romanos 8, 18)













* Relativamente ao sentido de "superação do eu",  presente nos ensinamentos de Cristo e renovado nas Epístolas de Paulo de Tarso, sugiro a leitura, ou a releitura, do poema Se (If no original), do poeta inglês Rudyard Kipling (1865-1936). É simplesmente... fabuloso. Recomendo,  a quem dominar a língua, que leia o original inglês... Caso tal não seja possível,  a tradução portuguesa é muito boa. Finalmente, para ambos os casos, e apenas depois da leitura, ouçam João Villaret, hà mais de 50 anos, a recitar esse mesmo poema... Pessoalmente prefiro a versão ao vivo no São Luís. No entanto para o caso de essa versão não ser totalmente perceptível fica também a versão em estúdio...

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