quarta-feira, 10 de julho de 2013

Peregrinação a Fátima 2013 - Quarto dia - II

A primeira parte da manhã deste quarto dia  foi, realmente, complicada em termos climatéricos. O frio e o vento que tivemos que enfrentar foram obstáculos de monta, mas foram ultrapassados com a fibra, o estoicismo e a abnegação que caraterizam os Caminhantes da Senhora de Fátima. Durante todo o percurso inicial, que antecedeu a subida, e a primeira parte desta, até Casais Robustos, fomos açoitados por um vento muito forte que nos empurrava em sentido contrário. Observando a paisagem, a partir de um plano ligeiramente mais elevado, era possível vislumbrar que a coluna de Caminhantes, que se estendia ao longo da subida,  pintava todo o cenário em redor de uma tonalidade multicolor que se refletia no horizonte, desenhando um arco-iris cujo brilho e intensidade de cor jamais terá sido visto desde o príncipio dos tempos. Dir-se-ía que cada um dos Caminhantes emanava um tipo de luz colorida que se aproximava do tom mais puro de cada cor e a sua reflexão, simultânea, tingia o céu com um fantástico arco-celeste que o atravessava, e, a partir do qual, milhares de estrelas douradas se soltavam, combinavam e recombinavam, e preenchiam de nomes todo o espaço que medeia entre o Trópico de Cancer e o de Capricórnio... Olhai... Luís... Teresa... Paulo... São... João... Rosa... Carlos... Perpétua... Fernando... Ermelinda... José... Tantos nomes... se iluminam no céu... Manuel... Helena... António... Elisabete... Miguel... Heloísa... José António... Fátima... Nomes que adornam o firmamento até perder de vista... Estou no limite da minha capacidade de visão... Esperança... Humberto... Orlanda... Armelinda... Marília...  Mário... Sandra... Eva... Lina... Sandra... Laura...  Os nomes dos outros Caminhantes também estão lá inscritos mas fora do alcance deste olhar cansado que já não alcança determinadas distâncias... Era, de facto, um cenário deslumbrante aquele que os meus companheiros de estrada propocionavam  a quem se predispusesse a ignorar os elementos da Natureza e se deixasse arrebatar pela beleza e pela espiritualidade do momento. 
Passo a passo, firmemente, seguimos serra acima Passámos por Casais Robustos, e, a partir daí, o sol começou a dar um ar da sua graça, embora sem grandes efeitos em termos de temperatura. O vento amainou um pouco, deixou de ser muito forte para se ficar pelo forte mas o frio tornou-se ainda mais agressivo.  Assim foi o percurso até Minde, último local de passagem, antes de Fátima, onde é possível aceder ao multibanco. Minde é uma vila do concelho de Alcanena que tem a particularidade de ter uma língua própria, o minderico, reconhecida internacionalmene, como uma língua autónoma e viva. Esta língua fo desenvolvida pelos comerciantes e feirantes de Minde, que quando se deslocavam a outros povoados falavam uma língua própria entre eles para que ninguém percebesse o que combinavam. O minderico, a pouco e pouco, extravasou o âmbito dos comerciantes e feirantes e é, hoje em dia, falado por todas as pessoas da vila, independentmente do sua classe profissional ou condição social. 
Em Minde fizemos uma paragem para recuperar forças e  aliviar mazelas e, pouco depois, estávamos de novo na estrada rumo ao último destino antes de Fátima.

















  






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