terça-feira, 18 de junho de 2013

Peregrinação a Fátima 2013 - Segundo dia - IV

Este segundo dia está praticamente a chegar ao seu final. Depois do breve descanso junto à estátua de Salgueiro Maia metemos pernas a caminho, rumo ao nosso local de pernoita, as antigas instalações da Escola Prática de Cavalaria. Grande parte desta infraestrutura está abandonada, em rápido processo de degradação, em muitos casos, já irreversível. A Câmara Municipal de Santarém mantém em uso parte das  instalações, de forma a evitar que a erosão seja total, mas é manifestamente incapaz de, financeiramente, recuperar o espaço cujo orçamento deve subir geometricamente dia a dia... Naturalmente que ninguém é responsável, nem responsabilizado por este tipo de crimes ambientais e financeiros... São decisões que custam milhões ao erário público e que daí a uns anos são revogadas por outras cuja sustentabilidade é também muito duvidosa... Durante as últimas (múltiplas) reestruturações do Exército sucederam-se os exemplos da irresponsabilidade de uma máquina do Estado  insensível, incompetente e inculta... O espelho perfeito dos políticos que a lideram... desde há trinta e tal anos a esta parte...Vêm-me à memória os valiosos azulejos da segunda metade do século XVII que ornamentam(avam) as paredes dos claustros do Batalhão de Adidos,  em Sacavém... e que provavelmente se encontram em elevado estado de degradação... se é que ainda existem... Lembro-me do quase mítico DGMT em Linda-a-Velha que entregue à Junta de Freguesia serve agora (ao que me constou) para albergar... ciganos... Também as antigas baterias de artilharia de costa estão totalmente ao abandono e são utilizadas, como local de trabalho de prostitutas... e outros profissionais ligados a áreas similares... Creio que o próprio sindicato faz de lá a sua sede... Quem não respeita as memórias que os antepassados deixaram dificilmente será respeitado pelas gerações vindouras... Há aqui 4 ou 5 gerações que vão ficar muito mal vistas quando a história se escrever...
Nas antigas instalações militares, onde pernoitámos, a rotina foi mais ou menos semelhante à da Azambuja, com dois pequenos detalhes que marcaram a diferença. Por questões logísticas o jantar ficou a cargo de cada um dos Caminhantes e para tomar banho de água quente havia que calcorrear uma distância muito interessante... Eu optei pelo banho de água fria,     nos chuveiros   da antiga messe de oficiais,   Lá... Lááááááááááá... lá... lá, lá, lá... láaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... Saímos do duche como novos... com as cordas vocais esticadas ao máximo...  Foi realmente notável o civismo, a educação, a sensatez e a sensibilidade de todo o grupo que conseguiu, sem atritos, coabitar dentro de uns balneários em que existiam apenas dois lavatórios, três toiletes e três chuveiros para cerca de 50 pessoas... de ambos os sexos... Notável... O único episódio mais... engraçado... foi apenas um pequeno diálogo...  muito fecundo...

- Ba, ba ba ba... (Boca cheia de pasta de dentes)...
- Ba ba, ba, ba  o quê? (pessoa  esgueirando-se de fininho em direção ao toilete vago)
- Ba, ba, bu ba bu (Boca tentando livrar-se rapidamente da pasta e da água... dedo indicador apontando... enfim... para baixo)
- Tá bem... Já te atendo... deves ter dormido virado para a lua... (praticamente a entrar no toilete)... Tás a apontar para aí para quê...? Tens que te queixar à tua mulher não a mim...
- Bu, bu, ba, psshhhhlttttttttt (finalmente a boca livre) Sou eu o próximo a ir ao toilete...
- Tanta conversa por causa disso... tá bem vai lá... se estás assim com tanta pressa... Haja paciência...

Quase sem termos dado por isso o segundo dia também se passou... Para mim, pessoalmente, não começou muito bem. Na Azambuja fui o último a entregar o saco no carro de apoio e, mesmo assim tive que ter a ajuda do Sr. Fernando e do Luís que, quando foram verificar se estava alguém para trás, me encontraram numa árdua luta com o saco-cama... Percebendo o drama o sr. Fernando bichanou-me ao ouvido:
- Para conseguir enrolar o saco-cama, tem que sair dentro dele...
- Ahhhhhhhhhh...
Para que o início da manhã fosse perfeito perdi os documentos... O lado positivo desta situação foi que não soube que os tinha perdido. Apenas dei conta quando João Apolinário mos veio entregar...  depois de os ter encontrado algures no Centro Social... Obrigado João... A seguir ao almoço dediquei-me à minha atividade favorita... Um profundo processo de meditação criadora... captado pelo João... Obrigado uma vez mais...




























































































Sem comentários:

Enviar um comentário