sexta-feira, 12 de julho de 2013

Peregrinação a Fátima 2013 - Quarto dia - III

A partir de Minde o  percurso continua a ser um constante sobe e desce, intervalado com algumas retas, uma das quais nos levará ao Covão do Coelho e ao almoço. Nesta altura o caminhar já é meramente mecânico e na mente de todos nós, passadas as dificuldades iniciais do dia, está já o momento alto desta jornada que é a chegada a Fátima... Até lá ainda nos falta percorrer alguns quilómetros e, para quem tem problemas físicos, algum sofrimento para gerir. Esta será, provavelmente, uma das últimas oportunidades que tenho para observar a coluna de Caminhantes, pelo que dou um saltinho à frente e subo a uma pequena colina que me permite ter uma visão mais global do horizonte próximo e distante. Alcanço, com o olhar, toda a coluna, espalhada pela estrada sem fim... Observo-os, um a um, e, nos diferentes rostos, é possível vislumbrar os traços próprios do cansaço acumulado, as marcas do sofrimento continuado, mas, simultaneamente, a audácia, a coragem e  a firme determinação em chegar, em terminar o percurso iniciado há tantos quilómetros atrás... Em cada um dos Caminhantes... em cada rosto... em cada expressão... em cada olhar... está refletida toda uma experiência de vida, com os seus momentos bons... e menos bons...  momentos doces... e amargos...  ilusões... e desilusões... Quantas alegrias, quantas lágrimas, quantos sonhos, quantas tragédias, quantos amores... felizes... incompreendidos... proibidos... Amores  proibidos... gosto do tema... Quantos de vós não viveram já as grandes paixões... proibidas... infinitas... combatidas... eternas... totais... Quantos de vós não sentiram o coração a bater com a mesma intensidade que os grandes Amantes da História... Tristão e Isolda... Abelardo e Heloísa... Romeu e Julieta... Orfeu e Eurídice... Carlos e Helena... Pedro e Inês... amores ameaçados... proibidos... estrangulados... mas que sobreviveram ao tempo, à história, ás convenções sociais... Em todos eles há um momento que, a mim, me deixa particularmente emocionado... aquele momento... inolvidável... quando perante todas as pressões sociais, familiares, religiosas e outras...  a senhora está prestes a ceder...  a abdicar do seu grande amor... a reprimir aquele sentimento profundo que envolve o seu coração como um todo...  Nesse momento de grande tensão, em que o próprio tempo suspende o seu correr e se sente a presença do Amor como uma entidade própria, as palavras do cavalheiro são inesquecíveis:
" Podes-me recusar... ignorar... até maltratar... mas... ponho as mãos no fogo... e não me queimo... em como me amas tanto... como eu te amo a ti... Tenho a certeza absoluta... em como o amor que sentes por mim... tem a mesma força... a mesma intensidade... a mesma paixão... que o amor que eu sinto por ti... E assim será até ao fim dos nossos dias..."
Passo a passo, metro a metro, vamos vencendo esta estrada que nos vai trazendo já aos arrebaldes de Fátima... Falta muito pouco para encontrarmos a placa indicativa do Covão do Coelho... não... não... não se refugiou aqui... Este é outro Coelho...  


























































































































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