segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Festas em Honra de Nossa Senhora da Saúde 2014 - Segunda-Feira

Decorreram, entre 1 e 7 de Setembro, na cidade de Sacavém, as festas em honra de Nossa Senhora da Saúde. O evento evoca em episódio histórico-lendário cuja ação se desenrolou em finais do século XVI junto do local onde atualmente se ergue o Santuário de Nossa Senhora da Saúde. À época, um surto de peste atingiu a população da região saloia causando inúmeras vítimas, nomeadamente entre os menos favorecidos. Impotentes para  combater de uma forma eficaz  o flagelo, que a cada dia fazia um maior número de vítimas, e perante a consequente falta de espaço para as sepultar, ("O odor e o espetáculo de tantos cadáveres de que as ruas estão cheias impediram-me de sair há um bom número de dias" referem relatos da época), as autoridades, na impossibilidade de lhes dar um funeral cristão, foram obrigadas a abrir valas onde os cadáveres pudessem ser colocados. 
Ao ser aberta a primeira vala foi encontrada uma imagem da Virgem, com o  Menino ao colo, que, supõe-se, remontaria aos primórdios do próprio Cristianismo e à afirmação doutrinal  de Maria como Mãe de Deus, no Concílio de Éfeso em 431, trazida para a Península Ibérica por grupos de cristãos vindos para a Europa oriundos da Terra Santa. A notícia correu de boca em boca e inúmeros cidadãos passaram a reunir-se junto àquele local  suplicando à Mãe de Deus a salvação da população. Ouvindo tão sentidas preces Nossa Senhora intercedeu junto de Seu Filho e num ápice a peste cessou. Desde essa data que, na cidade, se comemora o acontecimento através de um conjunto de cerimónias em honra de de Nossa Senhora da Saúde.
O tríduo preparatório iniciou-se na Segunda-feira, dia 1, com diversas cerimónias religiosas. A Missa noturna foi dirigida pelo Sr. Rev. Padre  Marcos Castro, Pároco da Bobadela, que centrou a sua homilia no conceito de saúde, nomeadamente na forma evangélica de o interiorizar. Relembrou o Sr. Padre que o sentimento pessoal de conforto e bem estar, o "ser saudável", que está, muitas vezes, associado a um estado de alheamento social e vazio emocional, não corresponde ao conceito de saúde que encontramos em Maria. A saúde que Ela nos transmite tem a ver com o plano de salvação de Deus para o mundo, os Seus desejos em servir esse mesmo mundo (em sentido lato, naturalmente) e a nossa maior ou menor integração e interação nesse e com esse plano salvífico. A entrega de Maria a esse plano, consubstanciada na simplicidade com que o aceitou, "Faça-me em mim segundo a Vossa vontade", espelha a forma como Ela nos procura sensibilizar a conduzirmos as nossas ambições, os nossos sonhos, os nossos desejos, no fundo, a nossa vida,  em consonância com esse mesmo plano. Neste sentido continuou o Sr. Padre Marcos Castro, a saúde de Maria, o Seu bem-estar, depende do bem-estar espiritual dos Seus filhos, da forma como cada um de nós procura curar a alma, dar-lhe saúde salvífica, antes de curar o corpo das maleitas que o vão fustigando. Para tal é necessário que, sem perder a condição humana de ser-no-mundo, de ser-em-situação, procuremos levar uma vida que aponte para uma santidade ativa e nos permita alcançarmos o horizonte em Jesus Cristo, ao qual chegaremos seguindo o exemplo de crença, de entrega e de santidade que a Sua Mãe continuamente nos vai dando.





















































































































4 comentários:

  1. Bom dia Sr. Carlos. Já estava a estranhar ainda não ter publicado nada sobre a minha Senhora da Saúde. Este ano está um pouco atrasado. Gostei do artigo e das fotos, mas não me leve a mal, gostei mais do artigo do ano passado com aquele grande amor entre a senhora bonita e o poeta. às vezes quando o releio até sinto um arrepio ao pensar no sofrimento do pobre coitado. Nas suas investigações não soube mais nada sobre o assunto?

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  2. Boa noite Dª Isabel. Realmente este ano a publicação das Festas da Senhora da Saúde acontece um pouco mais tarde mas teve que assim ser por questões de tempo e de agenda. É preferível retardar um pouco a publicação e organizar devidamente as fotos e os textos.
    Relativamente ao texto, compreendo a sua opinião mas eu não gosto muito de repetir textos. É importante introduzir-lhes uma nuance, uma variante que permita cativar, ou pelos menos interessar, ainda que minimamente o leitor.
    Em relação ao artigo do ano passado não me parece que se pudesse falar de grande amor. Um grande amor só existe quando dois corações batem em uníssono, formando um dueto. Neste caso parece-me ter sido mais um batimento a solo. No que toca ás minhas investigações (embora eu ache que seja um termo demasiado pomposo) terminaram num beco sem saída. Assim, e pegando nas suas palavras, pode-se dizer que também o meu coração sofreu um arrepio quando percebi que todo esse esforço "investigativo" (digamos assim) tinha dado em... nada.
    Foi um prazer saber de si e sabê-la ainda minha leitora
    Com os melhores cumprimentos

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  3. Olhe que um coração a solo pode viver um grande amor, sem necessitar do outro. Quantos amores escondidos não existem no interior de tantos corações. Amores que nunca foram confesados e que nem por isso deixam de ser grandes amores.Tive uma familiar que amou um homem durante toda a vida sem nunca ninguém suspeitar de nada, nem ele. Já perto da morte é que acabou por confessar esse grande amor.

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  4. Eu não sou a pessoa mais indicada para debater sobre o que é um grande amor. Por isso mesmo tudo o que escrever daqui para a frente é meramente intuitivo. Com a senhora refere, é possível um coração, a solo, viver um grande amor. Mas, penso eu, esse grande amor, nunca será totalmente feliz porque existe sempre um travo de amargura pela sua não consumação. E não me refiro, apenas, à sua consumação física, que, creio está no final de todas as outras. Refiro-me, também, e principalmente, a todas as outras vertentes, nomeadamente a afetiva, emocional, espiritual etc. Faltam coisas simples como um sorriso, um toque, um beijo, um olhar… Falta a possibilidade de dizer duas palavras: “Eu amo-te…” E parece-me, intuitivamente, que esse travo de amargura será ainda maior quando as pessoas envolvidas ainda que casualmente, se cruzam… Mas… quem sou eu para dissertar sobre o tema? Creio que encontrará muitas outras pessoas que dominam mais este assunto do que eu…
    Com os melhores cumprimentos

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