quarta-feira, 25 de junho de 2014

Peregrinação a Fátima 2014 - Primeiro dia - VIII

Entre Vila Nova da Rainha e a Azambuja cumprem-se os últimos quilómetros do dia. São mais algumas longas retas, ligadas por um par de rotundas, que, para quem faz o percurso pela primeira vez, e não tem referências, são demasiado extensas. É o último esforço pedido aos músculos, aos ossos, à vontade, à crença ... à fé...
Ainda fizemos uma última paragem nas bombas da Galp, para ajustarmos o tempo de chegada e irmos buscar mais algumas energias, antes de rumarmos ao Centro Social da Azambuja onde pernoitámos. No Centro, após uns momentos de espera, descarregámos o carro de apoio e a prioridade passou a ser arranjar um espaço para passar a noite nas salas que nos estavam reservadas. Seguiu-se o banho num balneário de 6 chuveiros. Democraticamente entravam, à vez, 6 senhoras,  6 cavalheiros,  6 senhoras, 6 cavalheiros... No grupo imediatamente antes do meu... curiosamente... quando as senhoras começaram a sair... 1...2...3... 4... 5... 6... 
- Oba... Já podemos entrar...
- Naaaão... ainda não... ainda está mais alguém lá dentro...
... 7... 8... 9... 10... 
-Finalmente... 
- Não... Ainda não podem entrar...
11... 12... 13... 14... 15... 15...????... Enfim... senhoras... Não deixou de ter a sua graça...
Apos o jantar é tempo de descanso... O despertar será cedo pelo que todos os momentos são importantes para descansar... Pouco tempo depois já todos dormem o sono dos justos... ou quase... Até cerca da meia noite ainda se vislumbrava, no escuro, um portátil a funcionar...
PS: Deus criou, na Natureza,  analogias perfeitas com os sentimentos humanos. Reparai como, na décima primeira foto deste artigo, um cato, pela sua forma, e pelos picos nele incrustados se assemelha a um coração humano a  sofrer... por amor... Snif... Snif...













































































































 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Peregrinação a Fátima 2014 - Primeiro dia - VII

A tarde deste primeiro dia é, do meu ponto de vista, a mais complicada. É certo que em termos de esforço físico, quer pelos desníveis de terreno, quer pelo desgaste acumulado, outras etapas poderão ainda ser mais duras. Todavia, para mim, esta é a mais difícil... Por um lado, partindo de Sacavém (e, para mim, só faz sentido partir de Sacavém), é a jornada mais longa o que aconselha à necessidade de distribuir o esforço pela distância. Por outro, sendo o primeiro dia, o organismo ainda se está a adaptar a esse mesmo esforço. As estradas, muito estreitas, obrigam-nos, durante a maior parte do percurso, até Vila Nova da Rainha, a cumprir  a fila indiana de forma a permitir que duas viaturas em movimento se possam cruzar. Ainda assim não nos livramos de um buzinão de um (a) ou outro  (a) condutor (a) mais impaciente...
Os raios solares, atingindo o alcatrão, refletem movimentos ondulantes de luz que se espraiam pelo horizonte, ao construírem  múltiplas formas de distância. O tempo passa... a distância não... Desde muito cedo temos no horizonte longínquo o casario de Vila Nova da Rainha... Todavia... desde muito cedo, também,  talvez após as primeiras quatro ou cinco retas, percebemos que a vila é já... ali... ali mesmo... mesmo... ao fundo... muito fundo mesmo...















domingo, 22 de junho de 2014

Sacavém na rota internacional dos cemitérios históricos relevantes

Decorreu, ontem, dia 21 de Junho, nas instalações da Cooperativa "A Sacavenense",  uma sessão cultural subordinada ao tema "Sacavém na rota internacional dos cemitérios históricos relevantes". 

No evento, patrocinado pela Junta de Freguesia de Sacavém, estiveram presentes, entre outros, e para além de um representante da Câmara Municipal de Loures, o presidente da Junta de Freguesia, Sr. Filipe Santos, o presidente da cooperativa que abrigou a sessão, Sr. José Manuel Ribeiro dos Santos, o presidente da ANALOR, Sr. José Mendes e os representantes da LAMSD,  Sr. Luís Miguens e Sr.  Artur Horta.
A apresentação e desenvolvimento do tema esteve a cargo da Drª Ana Paula de Sousa Assunção, cujo aturado trabalho de investigação está na base de um projeto/proposta que visa considerar o cemitério de Sacavém como Património Municipal.  Este projeto assenta na importância do cemitério para o esboço e construção da identidade da cidade e a sua íntima ligação a todo o processo histórico que lhe está associado, nomeadamente a partir do último quartel do século XIX. Da sua estrutura toponímica   aos talhões das coletividades que serviram de força motriz para o desenvolvimento de Sacavém, muitas são as referências que ligam o cemitério à sociedade sacavenense dos últimos 125 anos. Neste âmbito ganha particular realce a Fábrica da Loiça, cuja existência se encontra registada em diferentes domínios, quer nos azulejos presentes nas campas, quer nas assinaturas dos artistas que os produziam, quer ainda nas pequenas fotos que, naqueles  (azulejos) incrustadas, nos oferecem um retrato  da sociedade local e da sua evolução ao longo do tempo. Outros talhões, ligados a diversos movimentos associativos, como o dos sacavenenses tombados na Iª Guerra Mundial, ou o dos Bombeiros Voluntários, são, também, representativos da forma como a cidade exalta e respeita os seus antepassados, numa interação profunda entre os que já lá estão e os que recebendo o seu legado  o procuram, com orgulho, desenvolver, enriquecer, numa palavra... honrar.
Este projeto, referiu a Drª Ana Paula, foi apresentado num Congresso Internacional, realizado na Roménia, e a sua qualidade intrínseca levou a que o cemitério de Sacavém passasse a integrar uma vasta rede de cemitérios relevantes espalhados por esse mundo fora. Segundo a investigadora não restaram dúvidas a ninguém de que, com o seu património a céu aberto este cemitério é um verdadeiro Museu do Sentimento. 
Para concluir não posso deixar de citar as palavras do Sr. José Santos, anfitrião desta sessão, ao referir que ao contrário do que é normalmente considerado, e tendo em atenção  a importância da herança que os que lá estão nos deixaram, "não acaba tudo no cemitério... pelo contrário... É lá que tudo começa... "


































PS: Pelo seu interesse factual este artigo tinha que ser publicado hoje. Por essa razão interrompi a publicação da Peregrinação a Fátima 2014 que será retomada amanhã.

sábado, 21 de junho de 2014

Peregrinação a Fátima 2014 - Primeiro dia - VI

Almoçámos em Castanheira do Ribatejo, como habitualmente, no Restaurante Coimbra, cujas iguarias, ano após ano, nos reconfortam o estômago. Este ano o prato do dia era Cozido à Portuguesa, com um ótimo aspeto, diga-se. Acontece que Cozido não é, de facto, um dos meus pratos favoritos. Após consulta da ementa optei pelo Frango à Maricas, não sem antes ter questionado: "Até tu frango?" 
A seguir ao almoço há sempre tempo para um breve descanso no jardim  em frente ao restaurante. Relaxam-se os músculos, descansa-se o corpo, sossega-se a mente.


A tarde deste primeiro dia leva-nos a percorrer algumas estradas nacionais estreitas e intermináveis que, de certa forma, nos fecham o horizonte próximo e nos convidam a um recolhimento intimista, através da oração, da meditação ou até do diálogo interior. 
- Esta tarde custa-te a passar...
- Sim... Normalmente é a tarde mais difícil... É demasiado monocórdica... É tudo muito igual... As estradas... os campos... as cores... as sensações... as distâncias...
- Porque não tentas encontrar o que é diferente no seio dessa mesmidade e, em, seguida fazes o exercício contrário... o que há de diverso no seio da unidade que enforma cada ser ou entidade deste mundo... Vais ver que quando terminares...
- ... Já estaremos em Vila Nova da Raínha...
- Exatamente...
- Não me parece que seja um exercício que me apeteça fazer agora...
- Então que te apetece...?
- Não me apetece nada... apenas andar e chegar ao fim do dia na melhor condição possível...
- Não consegues limitar-te a andar... O que é que se passa? Estás zangado comigo?
- Não... apenas não quero pensar em nada... 
- Nem em ninguém...?
- Nem em ninguém...
- Ficas muito mais simpático quando a tua mente devaneia em torno daquelas rábulas idiotas...
- Achas que sim...?
- Acho... aliás... não devo ser só eu... 
- Pois...
- Não ouviste o que eu disse? Não devo ser só eu que te acho um chato quando estás amuado...
- Eu não estou amuado...
- Pois não... nem se nota logo...
- Porque é que havia de estar amuado?
- Tenho um palpite sobre a razão desse amuo...
- Não estou interessado nos Teus palpites...
- Mesmo que eu esteja em parte incerta...? 
- Ah ah ah... Gosto do Teu sentido de humor... Não foi isso que quis dizer... como sabes.
- Mas foi o que escreveste...
- Eu pedi-Te ajuda...
- E eu ajudei-te... Queres que te recorde? "Age segundo a tua consciência..."
-  Não quero pensar sobre esse assunto agora...
- Já reparaste que nos últimos tempos só tens assuntos sobre os quais "não queres pensar"...?
- Já reparei foi que chegámos a Vila Nova da Raínha...

Vila Nova da Raínha, o berço da aviação portuguesa, onde em 1915 foi criado o primeiro centro de formação de aviadores, é local de paragem obrigatório após o longo percurso que nos trouxe desde Castanheira. Terminou a primeira série de longas retas... Ainda encontraremos mais algumas até à Azambuja... Por agora é tempo de descansar as pernas...
PS: Embora o texto se tenha adiantado e já vá em Vila Nova da Raínha, as fotos ainda se reportam ao percurso entre Vila Franca e Castanheira do Ribatejo