Após o almoço no Vale de Santarém é tempo de uns momentos de descanso antes da dura jornada da tarde. Esta não é particularmente longa, no entanto a parte final, em subida, exige algum esforço aos Caminhantes. O início é relativamente plano, entre estradas estreitas que obrigam à fila indiana e um pouco mais largas que permitem uma frente de grupo um pouco mais ampla. Este percurso, até ao início da subida foi feito, como tem sido habitual este ano, sob uma temperatura agradável a que não era alheia a ligeira brisa que continuava a soprar e, suavemente, nos acariciava. Desde ontem, mas particularmente a partir de hoje, fomos encontrando diferentes grupos de peregrinos com quem confraternizamos e partilhamos pensamentos, vivências e experiências, todas elas sob égide tutelar de Nossa Senhora. Entre esses grupos o de Santo Antão do Tojal é aquele que quase poderíamos chamar de grupo-irmão, tantas vezes nos encontramos e partilhamos quilómetros e quilómetros de caminhada.
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domingo, 6 de julho de 2014
sábado, 5 de julho de 2014
Peregrinação a Fátima 2014 - Segundo dia - VI
Entre a primeira placa a anunciar o Vale de Santarém e a chegada ao restaurante ainda medeiam alguns quilómetros, que são percorridos em função do timing de chegada previamente combinado. Normalmente, como este ano, não estamos atrasados, pelo que o ritmo é pausado, o que nos permite, por um lado, apreciar a paisagem em redor e, por outro, que o grupo fique mais compacto e chegue praticamente todo junto para tomar a sempre desejada refeição.
Relativamente à paisagem que o nosso olhar vai encontrando e, para além da múltiplas variedades de espécies que compõem a flora local, não podemos deixar de reparar no toque exótico que os inúmeros ninhos de cegonha conferem ao ecossistema. O seu porte altivo, os seus movimentos graciosos, o seu olhar protetor tornam a cegonha uma figura singular no mundo animal.
Ao longo dos séculos muitas têm sido as simbologias associadas à cegonha. Apesar da sua referência, quase irrelevante, no Antigo Testamento (Levítico, 11:18-19, Zacarias 5:9, Jeremias 8:7, entre outros), remonta já à antiguidade dos tempos a lenda, segundo a qual ela traz no bico os recém-nascidos. Esta lenda tem muito a ver com as suas caraterísticas de ave migratória, cujo retorno está normalmente associado ao despertar da Primavera.
Pese embora, ao longo dos tempos, em algumas regiões do globo, a cegonha estar associada a costumes mais bárbaros (nunca confirmados) foi, na Europa Medieval, o símbolo por excelência da piedade familiar, pelo carinho e atenção com que trata as aves mais velhas ou doentes e, no Extremo Oriente foi, por diversos povos, conotada com a imortalidade.
Uma lenda antiga, tão antiga que, entre os antigos, apenas os mais antigos a contavam como eu a conto, cujas origens remontam ás regiões desérticas do sul de África, e cujos ecos chegaram já muito esbatidos aos tempos de hoje, por tradição oral, conta que, na região onde se situa atualmente o Deserto do Kalahari, viveu uma princesa de nome desconhecido, que nos momentos que antecediam e sucediam a aurora, entoava belas arias astrais, com tal sentimento que, bandos de cegonhas totalmente brancas, ligeiramente retocadas de azul, atravessando os círculos de Kemmer, voavam em torno do oásis real, desenhando, no firmamento, figuras fabulosas que, milhares de anos mais tarde, iriam ser simbolicamente representativas, como harpas tocadas por Eros, o Gladdag celta ou colar inca da fertilidade.
Esta princesa era dotada de uma tal beleza que, naqueles momentos, Eos, ao abrir as portas do céu, imediatamente se recolhia no seu interior, ofuscada pela fascinante combinação entre o belo e o sublime (canto). Todos os habitantes do deserto, dos mais ínfimos vermes, aos implacáveis bandos de salteadores sentiam o coração revigorar-se ao escutar tão cândida voz a ecoar pelas areias ainda cálidas do amanhecer... Um desses habitantes, um nómada que vagabundeava entre dunas, com aparência duvidosa, teve a ousadia de se aproximar do oásis real, num desses momento de aurora e, ao fazê-lo, ficou absolutamente fascinado pela princesa cujo nome se desconhece. Tal fascínio levou-o, durante anos a fio, a procurar uma brecha nas linhas de proteção do oásis real, para poder declarar à linda princesa o quanto o seu coração batia por ela, o quanto ele desejava partilhar tão nobre sentimento. Debalde... jamais o conseguiu e... quando a oportunidade eventualmente surgia... a segurança era tão apertada que... logo desaparecia (a oportunidade... claro)... Desesperado, o vagabundo entrou em greve de frio... de fome... de cansaço... mas jamais lhe foi concedida a graça de um olhar, ... de um sorriso... de uma palavra... Já o seu corpo velho e debilitado era perseguido por bandos de abutres ansiosos por o degustar... embora debilitado o seu corpo ainda tinha alguma chicha... quando um bando de cegonhas, em voo picado o içou das areias ardentes e o transportou para terras distantes onde o seu coração iria esquecer a linda princesa sem nome...
quinta-feira, 3 de julho de 2014
Peregrinação a Fátima 2014 - Segundo dia - V
Entre o Cartaxo e o Vale de Santarém há dois momentos que quebram a rotina de uma estrada que se estende interminável perante os nossos olhos. O primeiro é a passagem junto à fonte que abastece a povoação de água fresca e cristalina, o que, normalmente, obriga a uma breve paragem. Entre gargantas sequiosas que se dessedentam e corpos transpirados que se refrescam (parcialmente... claro) esta paragem permite sempre alguns momentos de alegre descontração, exceto para quem siga com dificuldades. Quem já caminha com algum sofrimento opta por não parar e, aproveitando a embalagem da descida que vai dar à fonte, segue pelo caminho serpenteante que o (a) espera adiante. Em pouco tempo o grupo recolhê-lo-à novamente ao seu seio, onde permanecerá até ao final da jornada.
O segundo momento diferente acontece, já no Vale de Santarém, quando temos a necessidade de atravessar por duas vezes a linha do combóio. Esta operação obriga a cuidados redobrados e, nestas alturas, o Sr. Luís, que nos guia no terreno, não tolera qualquer falha na segurança do grupo. Felizmente tudo ocorre sem problemas e, em breve, teremos em linha de vista o restaurante onde almoçaremos.
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