O terceiro dia de peregrinação iniciou-se, como habitualmente, ainda Morfeu abraçava (quase) toda a cidade. No silêncio da noite escalabitana apenas se ouvia o restolhar dos passos dos Caminhantes da Senhora de Fátima seguindo o seu destino. O alvorecer surpreendeu-os algures, provavelmente na orla de um horizonte azul turqueza salpicado pelo fogo vivo dos primeiros raios de sol. O correr do dia fez-nos perceber o quanto nos tornamos íntímos com a Natureza, nos seus mais ínfimos pormenores. O chilrear dos pássaros, o movimento ondulante das pequenas flores silvestres à beira da estrada, tudo parece ser uma extensão indivísivel de nós. O próprio asfalto se torna tão natural que para ele olhamos como se não houve passado nem futuro, mas apenas um eterno presente em que nos resta, apenas, caminhar, caminhar, caminhar. As dores musculares, o cansaço, as pequenas mazelas, tornam-se conaturais com o nosso próprio ser e, assim, passo a passo, prosseguimos até Pernes, onde almoçámos. Após a refeição e outro retemperador sono (creio que, apesar do esforço, descansei mais nestes dias do que nos últimos três meses) seguimos viagem até Alcanena. Nesta parte final da tirada a maior dificuldade foram, para além do sol abrasador, as longas (falsas) retas que nos conduziram a Alcanena, mas que foram sendo superadas, uma a uma, com a habitual abnegação dos Caminhantes. Algumas imagens deste dia:
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