É
uma contradição... O tempo corre rápido e inexorável... semana após
semana... dia após dia... e... no entanto... passa tão devagar...
quando se trata de te voltar a ver... Quando é que te vi pela última
vez...? Ontem...? 10 dias...? 30 dias...? 100 dias...? Uma eternidade inteira e
mais alguns dias... tantas são as saudades que tenho de ti... Sinto a
tua falta... Sinto a tua ausência como se de uma presença se
tratasse... A tua ausência é... física... tangível... A tua ausência é
presente... É algo que rasga o mundo... desenha-se num espaço que devia
ser teu... e não é... Recorta-se em todo o lado... Por onde caminho... por
onde passo... por onde sonho... por onde choro... Em casa... na rua...
no jardim... no comboio... na igreja... a tua ausência esboça-se... projeta-se... afirma-se... Vi-a de madrugada... assim que abri os
olhos... erguida... em tons de sono... a meu lado... Vi-a... manhã
cedo... na rua... construída em tons de nevoeiro... Vi-a... perto do
meio dia... sobre o Trópico de Capricórnio... pincelada por quentes
raios solares... Vi-a... ao final da tarde... num jardim... refletida nas pétalas
de uma rosa... Vi-a... já noite... no comboio... espelhada na paisagem
fugidia... Vejo-a... neste mesmo instante... dentro de mim... na
profundidade ignota do meu coração... e em cada pequeno pedaço do meu
ser... esculpida... em amargas lágrimas salgadas... Vi-a... a tua
ausência... Vejo-a... Sinto-a...
22/9/12
22/9/12
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