quinta-feira, 11 de abril de 2013

Cerimónia da Ceia do Senhor com a Lavagem dos Pés - I

Decorreu, na última 5ª feira de Março, na Igreja Matriz de Sacavém, a cerimónia da  Ceia do Senhor com a Lavagem dos Pés.  O evento, conduzido pelo senhor Padre Paulo  Kollithanathumalayil, evoca o episódio bíblico, relatado no Evangelho de João, segundo o qual, Jesus, durante a Última Ceia, lavou os pés aos seus discípulos, num gesto que, entre múltiplas significações possíveis, pode ser entendido no sentido de um absoluto despojamento da Sua condição humana, de entrega ao Seu inevitável destino e, simultaneamente, reiterar, aos que o seguiam, a mensagem de humildade, que deve estar presente em cada um dos nossos gestos.
Normalmente não comento as palavras dos sacerdotes, não só porque não é esse o objetivo destes artigos, como também porque não reconheço em mim "competência espiritual" suficiente para o fazer. Não quero, no entanto, deixar de realçar as palavras do senhor Padre Paulo quando referiu a necessidade de um recolhimento interior, de uma reflexão no silêncio da nossa própria interioridade, como a forma de conseguirmos, mais do que sentir, experienciar a presença de Deus em nós. Numa sociedade cujo ruído é cada vez mais  sedutor, e que, por isso mesmo, nos enreda, nos distrai e nos dispersa, através de múltiplas solicitações tantas vezes vazias de sentido, há a necessidade de recuperarmos essa capacidade de olhar,  de escutar... ou mesmo de sentir... aquela centelha de divino que em nós habita e que nos permite re-encontrar Deus face a face. Um pouco como aquela expressão de um dos textos menos conhecidos de Pessoa, em que o autor afirma" "Não vivo com Deus, não vivo em Deus, vivo Deus". Este movimento espiritual deve ser conduzido, não através de uma busca forçada de Deus,  mas, antes, pelo despojamento de saberes, valores e sentimentos, enquanto caminho iniciático que desnude todo o nosso ser e o abra à plena comunhão com o divino. Essa experiência permitir-nos-á olhar o mundo de um ângulo radicalmente diferente, e, nessa nova visão, conjugarmos de uma nova forma verbos tão singelos como o partilhar, perdoar e... amar...





































































































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