sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Senhora servindo refeições

"Pessoas no mundo" é um projecto que pode ser tão interessante como fastidioso. Quando o esboçei mentalmente tinha a noção que seria fácil enriquecê-lo face à diversdade de pessoas-em-situação passíveis de nele ser incluídas. Neste momento tenho dúvidas. Será que determinada imagem, determinada(s) pessoa(s) acrescentam algo ao projecto? O motorista de pesados com um cigarro ao canto da boca, o ardina que ... (ops já não há ardinas),  o transeunte alheado, perdido nas mil e uma formas de não conseguir pagar a conta do gás, a pedinte que encolhe uma perna para simular uma mutilação, a... enfim, estava perante este dilema quando me lembrei de um breve diálogo entre Teixeira de Pascoaes e uma senhora idosa de uma aldeia perdida, nos confins da serra beirã, relatada pelo poeta em Duplo Passeio:
"- Que faz vossemecê aqui, ó mulherzinha?
- Estou aqui...
E, como se eu mostrasse desdém pela resposta, acrescentou:
- O senhor entende que é pouco estar eu aqui?
Percebi, nesta frase, o quer que é de extraordinário. Uma estrela, se falasse, não diria a mesma coisa?"
 Por tudo isto e porque posso confirmar que as covetes estavam vazias no final da refeição, esta senhora merece ser mais uma das "Pessoas no mundo".

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eu pecador (a) me confesso


A complexa relação entre o homem e o divino estabelece-se de múltiplas formas, que ultrapassam a sua glorificação cantada ou a reflexão intimista. Algumas dessas formas apenas são possíveis após o auto reconhecimento, perante um mediador, da condição imperfeita do ente que crê e, por conseguinte, de um percurso de vida pleno de erros, exposto através da confissão (associada, ou não, a uma equivalente proposta de expiação).

Nesta foto, atente-se, uma vez mais, na postura corporal, a cabeça ligeiramente inclinada em sinal claro de erro, no posicionamento das mãos, no traje negro, onde o uso do véu, tradição corintiana, já perdida na evolução dos tempos e dos costumes da Igreja Católica Romana, nos transmite a sensação de um equilíbrio instável entre a honra e dignidade da crente, e a necessidade premente de uma confissão e expiação. Em relação a esta fotografia,  por razões que prendem com questões de autorização, ou falta dela, e pela necessidade de não colocar em causa as pessoas que nela estiveram (ou não) envolvidas, não me permito revelar o local onde foi obtida.

Interacção com o Sagrado

O envolvimento com o sagrado supõe, sempre, um conjunto de manifestações expressas de diferentes formas, todas elas espelhando uma interacção com um mediador, simbolicamente representativo do divino fisicamente inacessível. Nesta foto, captada durante uma cerimónia litúrgica da Igreja Católica Ortodoxa, o crente, o fiel, depois de receber a Eucaristia, beija o Cálice e a mão do Sacerdote, em sinal de respeito a ambos, já que são portadores do próprio Jesus Cristo. 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Tu és...

Não podias faltar no meu projecto de autoretrato.  Especialmente porque, quando partiste, levaste contigo grande parte de mim.




http://www.youtube.com/watch?v=6LIofsOeW1s

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Senhora orando

A relação com o divino pressupõe um momento individual de abertura e recolha (abertura a um diálogo, recolha perante o carácter intimista desse mesmo diálogo), expresso através de uma postura corporal, onde, por exemplo, podemos realçar, o  posicionamento das mãos, num alinhamento perpendicular com as pálpebras cerradas, a recusa, ainda que momentânea, do sensível perecível e a sempre adiada fusão com uma divindade sempre um pouco mais além.
Esta foto pertence ao projecto "Expressões de Espiritualidade". Foi captada na missa em honra de Nossa Senhora da Saúde, em Sacavém.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Uma vida em comum

"Uma vida em comum" é uma expressão muitas vezes associada a um percurso temporal, mais ou menos longo, normalmente associada a algumas dezenas de anos de vivência próxima.  Esta vivência supõe uma partilha dos bons e maus momentos, das vitórias e das derrotas, dos sorrisos e das lágrimas, até poder ser conjugada na primeira pessoa. Torna-se  uma cumplicidade feita de sinais não facilmente perceptíveis, como o olhar, o toque, o silêncio e, tantas vezes, a mera presença. Creio que tudo isto está expresso nesta foto, de um casal senior, uma relação solidificada sobre múltiplas partilhas, um mundo construído sobre as sólidas linhas do sentimento. Eles são, com todo o mérito "Pessoas no Mundo".  

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Corpo e o Sangue

A apresentação aos fieis do Corpo e do Sangue de Cristo é um dos momentos altos da celebração eucarística da Igreja Católica Romana.  Mimetiza aquele momento em que, à 2000 anos atrás, Jesus Cristo, ciente da proximidade da consumação do seu destino humano, partiu o pão e dividiu o vinho, simbolicamente representando o seu corpo e sangue, e partilhou-o com os seus díscípulos.  Ainda podemos ouvir as suas palavras ecoando nas paredes nuas de uma modesta sala, da antiga Jerusalém: "Quem tomar este pão e beber este vinho, comigo viverá para sempre". Esta foto foi captada na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Amadora.