Decorreu no auditório da Comunidade Hindu de Portugal o Bhagavad Sephta, cerimónia liderada por Niteshkumar Trivedi, sacerdote do templo de Radha Krishna.
Esta cerimónia, celebrada em nome dos antepassados, visa permitir que a sua alma (desses antepassados, naturalmente já falecidos) se liberte do ciclo das reencarnações e tenha, finalmente, paz. O evento prolongou-se por sete dias, ao longo dos quais o sacerdote recitou e explicou, por capítulos, o livro sagrado, o SHREEMADH BAGAVATAH. Este livro foi escrito por Vedyas, sacerdote antigo que nele narra (a seu filho) as 24 encarnações dos deuses e dos santos e dos valores éticos e morais a praticar em vida. Neste leitura explicativa está a essência de todo o cerimonial. O sacerdote deve ter a capacidade de criar uma corrente espiritual que o una aos seus ouvintes e lhes permita fruir, em plenitude, a palavra do Livro Sagrado. Nesta união, quase mística, que se estabelece entre todos os presentes, o sacerdote realça a importância de se levar uma vida dentro dos valores ético-morais definidos pelo Livro Sagrado para a, atrás referida, libertação da alma dos antepassados do ciclo das sucessivas reencarnações. Tal acontece apenas quando os seus descendentes põem em prática comportamentos virtuosos que ajudem a ultrapassar aquele ciclo. Está implícita, nesta tradição, uma profunda interacção entre diferentes gerações, através da conexão que se estabelece entre a felicidade plena dos entes queridos já desaparecidos, numa dimensão eterna, e os ditames de uma vida virtuosa, neste mundo.
Uma breve legenda para as imagens, de cima para baixo:
Uma breve legenda para as imagens, de cima para baixo:
O momento crucial de toda a cerimónia: o sacerdote em interacção com todos os crentes presentes; o trono com a imagem de cada um dos falecidos e o livro sagrado (a laranja) em baixo de cada foto. A alma de cada um está nos paus que se encontram ao lado de cada uma das fotos; quatro imagens de devotos a orar perante o trono e o Livro Sagrado em representação de Deus; sacerdote a orar ao Livro Sagrado (a laranja) que tem a mesma importância que Deus; o sacerdote antes de se sentar dá a volta ao trono a pedir a Deus que tenha bons pensamentos e conhecimentos para transmitir; o sacerdote antes de se sentar tem um gesto de saudação e respeito por tudo o que está à sua volta, porque em tudo há a presença de Deus. Quando se senta no torno é como se se sentasse no colo da mãe. Há um instinto maternal ali presente; após as orações ao Livro, é colocado no sacerdote, pelos familiares de um dos falecidos, um sinal na testa, o Tilak e a grinalda com as flores. O sacerdote passa a ter o mesmo estauto da divindade. São três imagens sobre estes momentos; o grupo de músicos que acompanha o cerimonial.